quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Quantos açoites

A cada dia que passa, penso que esse choro não é só meu.
Guardo as lágrimas para chorar amanhã. 
Incompreendidas lágrimas ancestrais, de mulheres e 
homens que na negrura da noite, fugiam do abate.

Eu queria um dia ouvir a voz de alguém do passado.
me mostrando o caminho menos doloroso e se caso
houvesse, queria esse cuido. Porque não aguento 
tanta dor e tanto sangue derramado.

Meu corpo negroide também é transeunte
na fadiga de construir algo no tempo que me deram,
no espaço da suposição de minha existência,
onde a sensação de desgaste é constante e insalubre?

Pergunto 
Como desviar dos tiros-olhares?
Das vozes gritando na minha memória?
Sacudo meu corpo para encontrar algum rastro 
de satisfação que minha mãe e meu pai já tiveram 
nalgum dia... 

Meu peito palpita, minha cabeça na mira.
A mão calejada ainda jovem, porém errante.
Rasuras cognitivas. O medo nascendo prematuro. 
A criança mortificada de cada uma de nós não ressurge 
ao terceiro dia. 


  


Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...