sábado, 10 de agosto de 2019

Descendo a serra

-Mastigo o silêncio, o que é faltar?

Concordo com meus pés
Eles sabem mais do que eu.
Desfaço a forma da dor
Ainda que por ela exista apego.

-O desfrute do frio nesses dias andando só,
É como dizem por aí, judiação?

Não, meus pés no costume da rotina,
Transforma o chão de terra batida pouca,
Do asfalto escurecido e pequeno, estreito
Onde é difícil manter a deformidade que
Atinge, bemolizando a velocidade do tempo
acentuando as curvas, como quem quer ir
Devagar beijar a mulher amada.

Os insetos devem adorar meus pés, e também sentir medo.
-Pássaro que canta de noite?

Meu coração noturno demais parece recriar a córnea.
Queria adormecer olhando pra uma estrela,
aquela brilhante e morna talvez.

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