segunda-feira, 16 de maio de 2022

Registros

Aprendi a tecer sobre o corpo uma 
camada de tranquilidade e afirmo: não é algo tranquilo.
A tristeza assola minh’aorta.
Ervas daninhas crescem em detrimento, 
minhas lágrimas alcalinas caem no solo batido
pele ressecada e negra.

Um pequeno cacto floresce 
consumindo o restante de água aqui. 

Ninguém vai perguntar por ti quando tudo desmoronar. 
Irão inventar dizendo que aconteceu porque você é 
descuidada demais ou que não se preparou suficiente.

E no final... nada será suficiente.

Abrigar no coração o quentinho das boas lembranças sem aprofundar demais nas histórias que cabem em cada uma delas, é um mecanismo de autoconhecimento.  Imagina você ter vivido uma situação bem caótica e se depara com essa desgraça acontecendo outra vez e mais outra e outra… 

Observar o padrão em que o ciclo soa repetitivo, algo sequencial e enfermo, é genuíno! 
Como se fosse um retrato pendurado com manchas amareladas e caminhos de traças, minhas lembranças são derradeiras pois já basta a saudade.

Ai! 

A umidade desses dias tem vigorado e meus olhos amadurecidos não cansam de buscar o fundo das lembranças. Puxando, reformulando e consentindo que agora mais do que nunca, há uma urgência em colher os álbuns e cada minúscula familiaridade que encontro também adiciono no mapa de volta pra um lugar, um pouquinho de seguridade 

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