segunda-feira, 20 de julho de 2015

Morte matada
















Essa é uma das noites em que se morre.

Se vai o brilho dos olhos e os ares dos pulmões, que aquecem
o corpo; frio se fazem os pés...

Filhos sem pai, na seca do sertão de Maranhão, enquanto nascem
flores em Fortaleza. Um dia desse, meu sinhor, quero não. Dia
de solidão e açoite de mãe.

Fogem de mim as palavras. Foge de mim o Amor. Longe de minha calma,
sinto azar de nosso Senhor, traído com um beijo matador.
Cadê teus filhos que a terra há de comer? E teus pais mortos a
cada amanhecer? E os meus dias que nunca irão nascer? Cabe a ti
responder?

Morte cruel, levar-te mais um ser.
Que seja Eu a próxima da tua lista.
Pois de viver me fartei. Quero morrer
Em teus braços, para não nascer embaraçado,
O filho da mãe que te pariu.
Morte, matada!



*Dedicado a Josimar, meu querido primo!

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