quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Onírico,

Jorrava verde e vermelho que escorria pela boca, mostrava os dentes afiados e os olhos virados, brancos.
O vento fazia ecoar seu grunhido, uma espécie de canto talvez, no areal. Penoso!
Parecia chorar e as lágrimas não caiam, o choramingar não cessava com a alegria dos que celebravam ao redor.
Ela tapou os ouvidos para não se ouvir e calou-se por dentro. Observava como se não compunha a cena: era confusa a peleja daquele ser, ora humana e deusa, ora o diabo, a peste, o bicho de pé.
Dançava e seus cabelos eram seu vestido, parece despir-se entorpecida
- Vejam!
E uma cólera surgia dentro de mim como se eu fosse dona daquilo que despertava em vício e fissuras carnais a vista daquela gente toda -era assustadora e deliciosa!
Mas, a raiva roía em ruínas derretidas até sujar minhas mãos de sangue, areia e água. Quase cheguei a esfregar na sua pele alva o meu corpo que caia e deixava um rastro de morte por onde ia.
Então me aprumei em vão no canto do templo. Ela aproximou-se, percebi o gesticular das mandíbulas como se fosse me engoli... Foi quando em seguida saltou pra rente minha face e virou um dos olhos que continha um cisco, um ponto cego e gritou um grito ensurdecedor visceral, dividido em 4 vozes de tessituras e timbres diferentes
- um cânone saindo das entranhas e atingindo-me aorta.
Nesse momento vi que meu corpo estava emergindo no mais profundo, escuro e imenso mar. Não temi...
- Acordei!

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