quinta-feira, 27 de abril de 2017

Cotidian

Ao meio vento da noite passada
via que debaixo do meu sapato havia merda
dentro do ônibus empestou tudo, ficou aquele
mau cheiro circulando e eu morna olhando em
minha volta

Ao meio vento da noite passada
querendo não saber de nada tive que correr
esqueci muitas coisas no caminho e de nada
me valeu a pressa, ora transito sem saber onde estou
e cá lanço-me ao mar dessa cidade turbulenta

Ao meio vento da noite passada
que mais pareceu pequena
Eu quase não
dormi de preocupada. Acordo hoje e sem
meio entender ela me diz com palavras meigas:
Amor, eu dormi e esqueci de ti dizer.

Ao meio vento da noite passada
meu avô como de costume sempre me pergunta
se dormi em casa. Cedo ele deita e levanta quando
o galo -com aquele grito- rasga as manhãs de tempo
incerto e ameno. As vezes o sol quebra de ponta a outra
franzi-me a testa.

Ao meio vento da noite passada
a resposta é um escarro horrível
ele já não quer comer!
Anda tão quieto feito pássaro sem canto
descabelado diz que hoje amanheceu
com uma coceira na cabeça.

Ao meio vento da noite passada
farto-me de belas coisas que vejo sempre todos os dias
e chego em casa com uma alergia logo penso que mundo
começa a desabar ali. Sento, observo e sinto dentro de mim
uma coisa corroendo minhas entranhas. Então deito e já é a noite
do outro dia num ritornello continuo da frase: O cotidiano que ingerir
as vezes me sacia, outras... Vomito!

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...