-Embora eu esteja cansada de ter esperança...
-Desculpe interromper sua fala querida, mas além da esperança temos que nos valer da graça e por ela ser mais atenciosa. Ontem você quase se machucou feio quando caiu da bicicleta.
-Sim, não fosse a sombra...
-Oh, sim! A sombra da árvore em cima do buraco no meio da pista...
-Aquela velocidade durante a descida...
-Só falta apelar para o advento da bendita chuva que alagou tudo, e regou até ervas daninhas e blá blá blá
-Você não precisa acreditar em mim, Carmem. Sempre que te conto um fato, tu cria uma história e dúvida da minha narrativa, é como se tivesse vivido antes de mim.
-Não me convenço fácil e acho tuas estórias tão chinfrim que quero licença poética para criar um novo enredo.
O riso correu frouxo nos lábios carnudos de Beti.
-Pois você vai ficar querendo, onde já se viu, licença poética agora é? Você é muito gaita, vem aqui, me dê um cheiro.
-Não! Continua o papo de esperança, eu juro que não interrompo mais.
-A esperança é um prato vazio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário