Passam os dias e depois de meia noite nada me consola. Até quero cultivar o hábito de dormir mais cedo, quem sabe as oito horas e acordar as sete, mas não...
Nunca pensei que amaciantes seriam tão dolorosos, digo, o cheiro.
Lembro e as vezes lembrar é ter você aqui.
Os cabelos e o cheiro doce invadindo meus poros. O esmalte: verde musgo, caramelo, terra. Posso dizer que já beijei a mulher mais bonita da redondeza?
Fui devorada.
A boca vermelha; as roupas esvoaçantes.
Não compreendia aquele olhar triste e tentei destraí-lo, na tentativa, trai.
Avassaladora, ela travou em meu peito a faca prematura do amor-dor e não tardou a lamber seus dedos ainda encharcados de bordô, carmim, em mim não tem mais sangria.
Acabou.
Sou criminosa
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Rastreio arrebatamentos
No ato da caça, caí na caverna poética, também a única aberta.
Deixaste aqui uma inundação de desejo-saudade.
É um convite? Só pode – pensei, em voz alta, a denúncia.
Como tens coragem de me expulsar de tudo e deixar esta caverna aberta?
A caverna do amor-dor.
A criminosa sou eu, eu sei. Não deveria estar aqui mas hoje – só hoje –
Escavei
Naquele lugarzinho
A mim.
Segui-inteira-lamúria ao molhar os dedos nas suas letrinhas jocosas – conhecidas.
Sangrei.
Demasia-passional-descabeladamente
Ao esbarrar as unhas no verbo de verdades duras: não dei valor
É, não dei valor, a tamanha subjetividade.
Cá
no
corpo
me pergunto
onde inscrevi os instantes nossos?
Me toco
Estou
Mesma
aqui?
Poderia estar ali, pensei, poderia estar ali cravando rastros aos dela. Juntas catando caquinhos que serviriam como lápis nas paredes da caverna do amor-dor – você, a especialista em camiños desconhecidos, guiaria minhas mãos a mexer caquinhos dentro do oceano.
E aí
Os desenhos seriam nossa pólvora a derreter o horror em brio o suor em saliva os germes em esmalte cor de terra
Como se os membros ali estivessem presos no delírio, julgamento feito anzol, a compaixão pincela iscas de verdades concretas:
lembra-se tu da dor vi vi da?
Aí
No
Corpo
se escondem
os
machucados?
O amanhecer a golpes? As tantas fichas cobertas de pequenas mentirinhas ligações a meia noite julgamentos infames paixonites atônitas grosserias grotescas medo da morte
Amor-dor-pólvora-caverna-amor-dor
Nestas horas o medo é como a criatura marinha ao estender ao longe suas guelras a convite de um passeio noturno – prometo não te machucar, a criatura diz, te levo para longe,
Você só precisa segurar o fôlego.
É humanamente impossível, digo eu palavra-laminada, seguir a segurar o fôlego,
todo bicho feroz mesmo a paixão
recorre ao fôlego.
Veja só.
Criaturas marinhas também são criminosas.
A beleza prematura denuncia o crime de ser
Es
Cor
Re
gadia.
Busco os rastros líquidos
Mas como tudo que entre nós acontece
A sangria
Não deveria
Ser crime algum.