quarta-feira, 20 de julho de 2022

Atenta e desperta

Leves pontadas no útero me fizeram 
despertar mais cedo que o normal das 
manhãs. E também um sonho: 

Um olhar me observava de longe.
Eu temi e sem entender, só penso
que agora estar atenta é o que me resta.

Ao perceber aquele olho senti um calafrio 
e lembro da sensação da minha visão abrindo, 
ainda trêmula e sem sorte de descanso,
porém reconhecendo que o medo não permanece 
porque em meu corpo os mapas estão tangíveis, nítidos 
e com belas encruzilhadas. 

O balanço da rede, o frio do dia nascendo 
devagar e a vontade de pegar a bicicleta 
e rasgar as ruas; não é um sentido de fuga,
pois me persigo incessante: 

Em uma pulsão de busca, a realidade 
posta sobre meus olhos carnais e assim desperta, 
encarar-me “olho no olho” e talvez essa seja a 
mensagem do sonho:

olhar-aberto-sensível-liberta

Então abraço-me entre pernas e cabeça, pequenina 
e brincante; sorrio e lagrimejo um pouco no consentimento que aqui, independente das marcas
coloniais, é um lugar possível de segurança e afeto: 

Em meu casulo-laboratório-abrigo no presente 
da cura e na alegria de um olhar cuidadoso para o 
tempo de mudança

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...