terça-feira, 9 de agosto de 2022

As pessoas morrem fácil

Nada de colete à prova de balas.
Apenas uma topada qualquer pode ser fatal.
E mesmo com tudo isso, gostaria de quedar
minha cabeça em uma pedra e quem sabe 
descansar justamente como os defuntos 
sossegados em suas covas razoáveis em 
um cemitério longe de casa. 

Por que a triste me come os olhos?

Trabalho tanto que meus braços pequenos
não sustentam mais o peso das minhas mãos 
e minhas unhas. 
Afirmo que a tranquilidade não chega sob os
meus ombros e por vezes sinto que canto para 
os mortos, dançando Butoh. 

Vou delirando 
sobre os crânios sem massa cefálica ou sequer 
sinal de eletricidade, sem pós guerra, porque agora 
nesse tempo, tudo é guerra. 

Não quero conversar sobre isso com minha mãe, 
mas ela é a única que me ouve sem dizer que a culpa
é minha…
Em suas tarefas domésticas, o contato com
os animais e com as plantas, aparenta um não sofrimento… 

Mas é tudo mentira, porque ninguém está isente de mergulhar em uma profundeza tão cruel. 





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