quinta-feira, 25 de maio de 2023

Assuntos indispensáveis

- Tudo foi dissipando sabe, Cremiuda…
e a gente vai crescendo e ganhando corpo de gente
mas nem sempre é a gente que vai tá lá 

- Lá onde Cleide?
- Nada, deixa… 
Ontem assisti na tv que estão dando uma 
pílula de “boa sorte” em breve vai chegar nas 
farmácias e será ofertado,
apenas as pessoas nascidas até os anos 90 

- Então a gente não vai conseguir? 
- O que? 
- Essa tal pílula… 

- Ninguém sabe a eficácia disso, vai 
que seja uma maneira de reduzir a população ein?! 
- Olha, não seria de mau tom… afinal, tem gente tão 
ruim que não deveria ter nascido… 

- E desde quando você ficou assim, 
parecido com seu pai? 
- Não traga a memória aquele infame… 
- Desculpa, é que… 

- O que? 
- Já tá tarde pra gente conversar, daqui a pouco 
minha namorada chega e vai ficar com ciúmes 
da gente de novo

- Você já devia se acostumar com isso, porque 
não ligo… a gente é amiga há tanto tempo,
sem contar que não sinto mais atração por você…
- Não sente mais é… (?)









A esperança suicida

Inóspito era o lugar
na beira sem se mover
estava a esperança por um triz
e não era mera ilusão de ótica 
ela estava sim, quase a pular 
e descer correnteza a baixo

Não falo em sentido figurado, pois
ali o inseto já havia perdido a fé 
as asas pouco se moviam e suas garras 
molengas pareciam mais derreter

Observei por longos minutos a cena:
cachoeira fria, pedra escorregadia, 
a esperança fraca, desistindo de voar;
prestes a cair e

Após esse momento de agonia (para mim)
resolvi pegar um galho e oferecer 
de bom grato a esperança, que resistiu 
em agarrar-lo, então insisti mais um 
pouco 

Tenho certeza que nesse momento 
ela me olhou quase desacreditando 
naquele ato, e subiu vagarosa no galho

Nos olhamos até o momento em que 
a coloquei em cima de uma plantinha 
verde e sem querer deixar aquele olhar
de inseto me penetrar, com esperança 
me despedi


 

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...