quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Rugar

Quero viver sem pensar em um abrigo 
nenhum lugar
as vezes eu contorno a mesma rua 
pra tentar chegar aqui

Percebo que me perco 
caminho mesmo tem que se fazer sozinho 
a gente é sozinho 
não tem pra onde correr 

sei desde quando compreendi que tudo 
absolutamente tudo 
vai acabar caindo num buraco profundo onde a imensidão do que a gente sabe até agora não significa nada 

É um cruzo 
possibilidade
é um cruzo

Eu posso querer o invisível?
sentir e ainda não considerar o fato da existência 
com algo que se determina a partir do que se vê e
portanto 
É absurdo não querer o invisível

O que não se toca
O medo das coisas

E o tempo que cava na minha pele marcas
que se perpetuam durante a virada dos anos

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Desejo laço 
apertado, frouxo, isolado 
nem todos, digamos que o mais fraco 
desejo é inabalável 

Lanço-me ao mar!
sua correnteza durante as subidas 
de maré em maré afugentam o medo. 

O desejo continua pleno 
arde manso; engulo inteiro 

imagino lambendo 
contorcendo, melado
afiando os dentes 

Desejo morde. 
salta os olhos 
adverte o sentido ao toque
frágil: a maciez do lábio. 

Então retorno cansado 
desapego do engano 

O desejo é quimera 
durmo e penso que 
posso tocar-lo 

Ninguém me vê 




Rugar

Quero viver sem pensar em um abrigo  nenhum lugar as vezes eu contorno a mesma rua  pra tentar chegar aqui Percebo que me perco  caminho mes...