Quero viver sem pensar em um abrigo
nenhum lugar
as vezes eu contorno a mesma rua
pra tentar chegar aqui
Percebo que me perco
caminho mesmo tem que se fazer sozinho
a gente é sozinho
não tem pra onde correr
sei desde quando compreendi que tudo
absolutamente tudo
vai acabar caindo num buraco profundo onde a imensidão do que a gente sabe até agora não significa nada
É um cruzo
possibilidade
é um cruzo
Eu posso querer o invisível?
sentir e ainda não considerar o fato da existência
com algo que se determina a partir do que se vê e
portanto
É absurdo não querer o invisível
O que não se toca
O medo das coisas
E o tempo que cava na minha pele marcas
que se perpetuam durante a virada dos anos