quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Afogamento

Meu coração se lançou ao mar de tão teimoso e aflito. 
Queria segurar suas mãos e não afundar vigorosamente
como os velhos bêbados em queda num buraco cheio de baba,
como o sopro de vida que vai, rasgando meus pulmões e 
desesperando-me sofrega... 

Porque o oxigênio durou até eu encostar meu corpo frígido
numa pedra pontiaguda e esvaiu em bolhas escurecendo
minha visão. 

Eis que vejo agora como num sonho, 
os teus cabelos, a tua face pintada, o teu olho. 
É ver de baixo o infinito mar a refletir
o sol e formar dentro pequenos cristais catalizadores.

Emergi e aqui pareço renascer e ser outra como nunca fui,
e a areia que entrou na minha concha é perola pra enfeitar 
o seu pescoço e ser teu patuá... 

E o sonho daquela mulher
azul pintada de amarelo-sol não ia com o passar dos dias. 
Acordava e dormia, e ela lá, sem saber de mim... 
E eu aqui sem saber sonhar...

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