quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Dormente

Escrevo pois minhas palavras ditas não parecem reais. 
Costumava destruir aquilo que restava pra não ter
audácia de verificar outra vez as velhas angústias.
Tantas vezes quis me acabar dentro delas... Como hoje.

Tenho medo de perder, de doer ou acender de novo 
a chama confortante do querer que alguém queira estar 
comigo. Altas noites me pego pensando sobre isso que
escrevo e no entanto não consigo passar com exatidão
o contexto dessa coisa. 

As feridas antigas, as fotos e as memórias a cada dia 
surgem como uma brecha de luz no meio da escuridão 
que sou. Não escura simples, mas num grau de complexidade 
abstrata que se movimenta. Gostaria de não dialogar com a luz
na intenção de corrigir ou salientar algo escondido... Mesmo diante
da luz me sinto suspensa, perdida e transeunte. 

Afinal, onde está minha casa? Se durmo aqui me vem soluços 
incansáveis, cheiro e sabor. Não sinto meu lugar, preciso de um
punhado de chão... 

Soltar

Não estou aqui para segurar as mãos,
cruzar os braços e sorrir.
O sobejo da lembrança;
desejo do amor;
sinto vontade do choro
todo momento que existo

Pareço adormecer e forçar demencia
toda via que sinto chegar perto de mim
a água do rio mais próximo;
sinto sede, mas não posso me dar ao luxo
de seguir sem que a ultima saliva seja
extinta

Recebi da vida um caminho e ando cansada
tremula, medonha e calma
respirando a fumaça do meu fogo se apagando
e deixando as cinzas sujar-me os cabelos



Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...