Costumava destruir aquilo que restava pra não ter
audácia de verificar outra vez as velhas angústias.
Tantas vezes quis me acabar dentro delas... Como hoje.
Tenho medo de perder, de doer ou acender de novo
a chama confortante do querer que alguém queira estar
comigo. Altas noites me pego pensando sobre isso que
escrevo e no entanto não consigo passar com exatidão
o contexto dessa coisa.
As feridas antigas, as fotos e as memórias a cada dia
surgem como uma brecha de luz no meio da escuridão
que sou. Não escura simples, mas num grau de complexidade
abstrata que se movimenta. Gostaria de não dialogar com a luz
na intenção de corrigir ou salientar algo escondido... Mesmo diante
da luz me sinto suspensa, perdida e transeunte.
Afinal, onde está minha casa? Se durmo aqui me vem soluços
incansáveis, cheiro e sabor. Não sinto meu lugar, preciso de um
punhado de chão...