sexta-feira, 12 de julho de 2019

Portanto

a minha pele é a flor.
Provavelmente essa noite
O vento que vem até aqui
é do ventilador.

A uma hora dessas o galo já
começou a cantar. Os cachorros
na rua a latir para
proteger um deus, sentado na esquina.

É que compreendo pouco sobre deus e galo
e flor. Mas não posso me render a isto, 
seja poesia de casa agora, ou daqui a umas horas
quando eu acordar.

Apesar de não conhecer algumas palavras
cujo significado faria total diferença nesse verso, 
a raiva que sinto é de deixar pra trás
O meu favoritismo pelo português e querer ler as poucas linhas que traço.

Sou uma isca para mim, você compreende?

Um dia na beirada de um rio curto, 
observava os miúdos peixes que se 
agrupavam para comer o lodo de uma pedra, 
eis que descia em forte correnteza uma pequena 
folha verde e junta vegetação, parecia um peixe diferente. 
Bem, acho que foi assim...

Aquele dia passou e é um fato esquecido.
Hoje a minha pele é carne!



terça-feira, 9 de julho de 2019

Quase prosa de cobra rima

Era quase meio dia.
Minha tia fazia feijão.
Uma alegria, parecia.
Benjamin corria corria.
Entre uma fala e outra chamava
-Tia

Apressadamente movia uma panela
Pra pia. Lavava sem notar que vinha
Ou quem sabe há muitos já descia
A cobra que talvez observava e sentia o
Cheiro do feijão da tia.

Quando ela deu fé, uma gritaria.
-chega, alguém me acuda uma cobra
Tá pendurada perto da pia. Socorro, ave maria!

Eu que ainda tomava café, saltei sem precisão
Foi por pouco não cair no chão. Pensei
"Pronto, agora lascô, a Téle levou uma picada, vala mi nosso sinhô"

Juro. Sabe quando sobe uma friagem na barriga de repente quando se leva um susto? Ou uma dor de barriga de torar o bucho? Pois bem, graças às santas, passou!

Minha mãe que não é nada fofoqueira logo se aperreou querendo saber o que acontecia, se a cobra era grande, como ela havia chegado na pia, e o fogo do feijão, quem apagaria?

A cobra foi a sensação! A pobi nem se mexia, mas quando viu o povo naquela gritaria, um filma o movimento, outra dava água com a açúcar pra minha tia... Diga aí que ela desapareceu...
E eu pensando que fim daria a esta quase prosa, a este quase meio dia, a cobra que ainda queria, quem sabe comer, o feijão da minha tia.

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...