domingo, 15 de dezembro de 2019

O título fica no verso

O avanço de tuas marés
compromete de quando em quando
a barragem que construi inutilmente na beira.
Concordo com as crostas que sustentam
essa estrutura se não fosse por elas...

Como brado retumbante, a tua voz forte
me cerca. Se dissesse antes que te dói
quando meus pés fogem do teu areal, eu já
não teria chorado tanto nas noites de lua.
E tu... Ah tu, teria alegria de quem dançar!

Mergulho,
aproximo as algas e os pequenos
peixes do meu cabelo e brinco com o balançar.
E sinto enjoos, porque só falo de mim.

É triste viver ancorada em um passado,
você mais do que ninguém sabe, pois
és uma senhora das águas... Águas profundas.
Tens a sabedoria, mas retém o fôlego...
Sabe nadar... E quando precisa boiar, afoga-se.

A superfície lhe é agradável suficiente?




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