sexta-feira, 29 de maio de 2020

Onde foi que ele nasceu? Debaixo duma ponte. O que ele merece?

Vi um garoto
Chapéu pequeno
Cabelo grande crespo
Corpo de criança
(Pipocas a venda)
Não reparei seus pés
Av. Lotada
Ônibus e carros e motos
Pessoas
Desconfiadas
E o menino...
Já havia fumado péda
Olhos arregalados
Assustado
Parecia ver bicho
Menino sujo com dentes careados
Andava andava andava
Como quem procura dinheiro
No chão
Quer mais daquilo
Quer esquecer
Dormir talvez, comer
Brincar.

Penso, será que é uma escolha viver entre as pessoas e ser olhado com desdém? Sem familia? Emprego, roupas novas? Um cachorro, uma gata? Será mesmo?

Vieram tantas perguntas...
E o que fiz?
Nada.

Tô postando esse texto pra dizer que não basta palavras bonitas escritas e elaboradas pra uma parcela da sociedade racional intelectualizada de causas periféricas, nada basta...
O menino continua a perambular pela cidade, indigente.

*Encontrei nas lembranças. Escrito em 30 de maio de 2017

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