quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O cheiro floral

O sol se pôs salgado no horizonte amarelo pimenta,
quase madura.
Era noitinha já...
Havia um pêndulo sustentando as estrelas, 
o movimento obstante de uma  à compreensão não me vinha, 
e sentia inquietação continuada.

Nos demoramos ali mais 1h entre um beijo e um olhar calmo; 
a noite parecia uma dança. Os astros, a velocidade da luz, 
o cálculo preciso para chegar a lua...
Por momentos a lembrança ainda fresca do caminho 
que fiz de bicicleta, visitava o terraço, 
onde eu permanecia atenta aos detalhes dos dedos

O clichê: queria...

Queria ter um frasco com seu cheiro dentro
pra quando sentir saudade, abrir e espalhar 
pela casa até enjoar por umas semanas (risos)

-Seria incrível 

Você vai mudar, eu sei,
como uma borbuleta (risos)
Eu serei uma predadora 
com fome e sede de quem 
nunca teve amor, eu sei...








Auto vendar

A demonstração explícita da minha força me deixa cansada.
Então a solidão invade o espaço mais profundo da subjetividade.

E a saudade é uma palavra que quero aprender a usar.
Pois não se sente saudade do que machuca.
Daquilo que é navalha e deixa em carne viva.

Ainda me pego romantizando a dor. 
Cravando no meu corpo memórias tão insalubres. 
Existe certamente um pouco de masoquismo.
Isso é ridículo!

Me satisfaço com algumas sobras de compreensão.
Afinal, ninguém tem obrigação afetiva por ninguém. 
Contento ao escrever minhas histórias e fugir da terapia.
Sabemos que auto protege-se é também cessar fogo.

Demandar ao tempo a resposta para todos os percursos
é negar um pouco o trajeto da memória. 
Não quero depender do meu ego para resolver os remorsos,
porque o tempo não advoga. 



Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...