Cravei sobre as peles desordem e desafeto.
Agora vejo a crueldade da malvadeza que fiz.
Não quero olhar no espelho!
Meu rosto parece distante de tudo que sonhei e
quando voltei aqui, no lugar longe do onírico, me
desconheci. É desgostoso trazer para perto as feridas
e embora consiga vê-las menos doídas, ainda sinto
o latejar.
Rasgo todos os dias sobre o viaduto um brado de socorro. Ninguém vem e nem há de vir, pois já passaram por aqui gaivotas em revoada e os urubus na beira da estrada desejam o meu fim…
Quantas vezes você me viu chorar?
Não mostro a dor encarnada nos
meus lábios maduros, muito menos
destilo amargura no corpo de qualquer uma.
Mesmo sentindo tudo como lança atravessada na minha carne, agora expurgo pra não apodrecer por dentro antes que o dia apareça e jogue na minha cara
as verdades que me fazem esmorecer em ânimo e juventude.