quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Rugar

Quero viver sem pensar em um abrigo 
nenhum lugar
as vezes eu contorno a mesma rua 
pra tentar chegar aqui

Percebo que me perco 
caminho mesmo tem que se fazer sozinho 
a gente é sozinho 
não tem pra onde correr 

sei desde quando compreendi que tudo 
absolutamente tudo 
vai acabar caindo num buraco profundo onde a imensidão do que a gente sabe até agora não significa nada 

É um cruzo 
possibilidade
é um cruzo

Eu posso querer o invisível?
sentir e ainda não considerar o fato da existência 
com algo que se determina a partir do que se vê e
portanto 
É absurdo não querer o invisível

O que não se toca
O medo das coisas

E o tempo que cava na minha pele marcas
que se perpetuam durante a virada dos anos

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Desejo laço 
apertado, frouxo, isolado 
nem todos, digamos que o mais fraco 
desejo é inabalável 

Lanço-me ao mar!
sua correnteza durante as subidas 
de maré em maré afugentam o medo. 

O desejo continua pleno 
arde manso; engulo inteiro 

imagino lambendo 
contorcendo, melado
afiando os dentes 

Desejo morde. 
salta os olhos 
adverte o sentido ao toque
frágil: a maciez do lábio. 

Então retorno cansado 
desapego do engano 

O desejo é quimera 
durmo e penso que 
posso tocar-lo 

Ninguém me vê 




quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Miudinho

Nas vielas do pensamento 
nenhum alento 
tudo correndo lento
aqui por dentro

Falo o que penso 
Caminho atento 
Não tenho sossego 
As coisas vão se acabar:

O mundo o dinheiro o apego

Permanece o amor ao invisível 
tipo sentimento que povoa 
o que a guerra dizimou 

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Me atormentam as vozes do passado.
Ando por essa cidade com vontade de esquecer
razões pelas quais não fazem sentido algum. 
Como explicar ou decifrar as sinapses, quando 
elas são tão ligeiras e essas pequenas explosões 
me deixam atônita, sempre veloz pelas ruas

Tenho buscado colidir em conversas que não
falem sobre cotidiano ou qualquer assunto 
vil dessa geração. Então estou andando só! 

A maioria dos dias estão passando sem que 
aconteça um esbarro no olhar de alguém e 
aquela sensação do corpo estremecendo, 
expandindo, desafiando as linhas da paixão. 

Ou melhor, fazer durar algo é extraordinário 
necessário, e não falo sobre o quão breve é 
a rotina espaçada em que os corpos tem a 
se desfazer, não. 

sábado, 8 de março de 2025

Meu avô se foi

O vento forte nesse inverno me faz lembrar 
da casa de minha mãe, dos dias em que a lama
corre na rua e é como sentir o cheiro apurado de 
uma infância que nunca vai embora.

Revisito as memórias e as lágrimas 
caem como folhas envelhecidas de uma grande árvore 
centenária. Ecoam palavras, gestos, sorrisos e tudo que
admirava nele, quando seu lamento era tão profundo 
a ponto de desejar morrer. Não porque vivia mal, mas 
pela “ferrugem corrosiva” que a velhice causa no corpo
humano. 

Tão lúcido ele era, tão esperto e inteligente, que só 
me orgulho de ter sua genética. Meu avô foi um homem 
negro, pobre, que criou os filhos das filhas, alguns levam seu nome no registro de nascimento e o chamam de pai. Não consigo sequer imaginar sua grandiosa 
generosidade paterna que me ajudou a superar traumas, em sua gigantesca sabedoria, sempre me foi carinhoso,
presente, vivo e assim permanecerá.

Vou sentir saudades eternas do meu querido avô.
Tudo que sei hoje uma boa parte veio dele, o perseverar
na imaginação criativa do futuro próspero, a confiança 
no trabalho que realizo e com certeza, a vontade infinita
em viver o melhor dessa terra. 


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Não quero rever mensagens antigas. 
Tudo isso tem me causado pânico.

A noite tá durando mais tempo que o normal 
e quando isso acontece, sinto que meus sonhos
são verdadeiros, então acordo e já é dia.

Vejo que tenho me tornado ácida em algumas
circunstâncias e isso revela o quanto preciso 
ficar distante das pessoas as vezes, principalmente 
daquelas que pensam que me conhecem. 

Por alguns instantes sinto vontades imensas de ir 
embora da cidade. E é nesse momento que lembro
das pessoas que amo e o quanto ainda quero nutrir esses
afetos, aproximar mais perto, sorrir largo, então 
acalmar um pouco o que vem correndo rápido dentro
de mim. 

domingo, 14 de julho de 2024

Coração batendo na palma de minha mão

 Continuo nutrindo paixões efêmeras que não duram sequer 1 mês completo e isso tem me mantido viva por muito tempo em imaginários. 

A coisa onírica, intocável, fugaz, surgindo diante dos olhos como miragem e indo embora como tornado, deixando tudo bagunçado.

Gosto de sentir as pequenas vontades de pular no mar revolto, lamber a pele salgada, cheia de areia e mastigar o invisível da noite escura.

Pra mim é vertiginoso demais enxergar na poeira das coisas a beleza ardente de uma pessoa qualquer que desperta calminhos desejos em contidas esperanças de um dia quem sabe tocar os lábios com os dedos para sentir palpitar o coração que nem cavalo corredor preste a vencer.

Rugar

Quero viver sem pensar em um abrigo  nenhum lugar as vezes eu contorno a mesma rua  pra tentar chegar aqui Percebo que me perco  caminho mes...