Com a vapor da tua pele
negra fazendo caminho
em meu corpo, pálido, frio e solitário.
Tu que em teu corpo traz o carnaval inteiro,
para este meu ser não acostumado a confetes.
És a mulher que vem a mim, com lábios entreabertos,
famintos.
mas vem me deixando derreter em tua língua,
degustando-me aos poucos, dando leves mordidas
para atravessar-me com teu canino.
Me desnuda, corpo, mente e alma com teu olhar de fera vitoriosa,
cheia de si. Passa a mão e arranha meus sentidos.
Com o ar quente do respirar, a esperar, a desejar,
a temer que a luz do dia venha nos acordar.
E eu sentindo teu cheiro, vou mansa, de quatro patas a ti.
Eu, perdida nesse teu mar escuro, de ondas fortes, rápidas, outras lentas,
que parecem me afogar. Esperneio, com meu grito afogado em teu desejo de me levar.
Me arranho nas tuas areias, e você como correnteza volta a me puxar.
Sobreviverei eu? Sem barco, canoa ou boias? Apenas com minha lembrança de saber nadar?...
Por: Amanda Aristides