quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O CORPO NO CHÃO

FECHO OS OLHOS E IMAGINO UM MUNDO DISTANTE DESSA ILUSÃO. 
CUBRO UM OLHO E PERCEBO TODA SATURAÇÃO DA VIDA ESCORRER EM CONTRASTE COM A PISTA. O ASSALTO NO ASFALTO PERMANECE IMPUNE; A VIDA CAÍDA PERMANECE VIVA EM RETINAS QUE BRILHAM QUANDO VÊEM O SANGUE ESCORREGAR LENTO NA TELEVISÃO.

ATORMENTAM-ME AS VOZES QUE ECOAM EM UMA DIVISÃO SEM EQUIVALÊNCIA E UM TRÍTONO TRIUNFAL SUFOCA MEU OUVIDO. EU QUERIA GRITAR ATÉ EXPLODIR MINHA CABEÇA E ACABAR ASSIM COM A CONSTÂNCIA DESSE CICLO.

A INCOMPLETUDE DOS DIAS ME FAZEM VAGAR E UMA SÚBITA VONTADE DE CHORAR ME ATACA O CORAÇÃO. FICO CALADA DURANTE HORAS, SENTINDO MINHA RESPIRAÇÃO, MAS TODA VIA PERCO O CHÃO QUE ME TROUXE ATÉ AQUI.

Hoje de manhã ao abrir os olhos, dei de cara com o cansaço subindo de mansinho nos meus ombros. Segui todo caminho até a parada de ônibus sem entender o sentido dos meus passos. Queria sair correndo pra qualquer espaço onde não restasse menos sorrisos. Desde cedo sinto o medo apertando meus pés.; sinto fome e não é de comer e sede que não cessa com o passar do tempo. Um lamento me obriga a ver e deixar o estômago embrulhar, o coração sangrar e a vontade de chorar...
Sigo sem exitar o caminho que me foi predestinado.

RESISTIR É COMPREENDER A DOR
É SABER SILENCIAR PERANTE A PERDA
SORRIR, MESMO QUE AOS ESFORÇOS, 
OS NERVOS NÃO ACOMPANHEM O REAL SENTIMENTO DAS COISAS

Ao silêncio

Que são olhos atentos
Que cobiçam com destreza
A pressa do vento a vagar
distante pela cidade
Quem dorme ao som acalentoso
das ruínas e da insípida cerne do tempo?
Canso nas trêmulas noites e
de solidão em solidão
o silencioso abrir dos olhos me
transmuta e surpreende.
Não estou aqui como quimera,
a pureza dos meus olhos a muito se perdeu

Entrou uma carta dentro da garrafa escrita assim:

Não me deixe embolar a língua e perder a calma
que em meus dedos surge aos poucos.

Sonha comigo nos dias bons para que naqueles
de luz amena a penumbra do amanhecer devolva
esperança que o passado já trazia nos braços como
um filho imaturo.

Conduza sóbria a nau do meu coração, e deixe-o
descansar em seu colo macio, toda desilusão que
o mar não afogou.

Permita que a ternura lhe segure as mãos,
mas não ponha os pés na dor que surge da imensidão
infindável dos desejos construídos na areia da praia.

Eu vos quero como quem não quer mais nada. Igual
a semente que cresce sem algoz; semelhante a doçura
dos dias frios e grandioso como a quintura das noites.

Carrego para ti a minha pequenina moeda de cinco centavos
que sempre acho, para que a sorte chegue como gratidão.

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...