sexta-feira, 24 de abril de 2020

Tentativa

Agora lembro dos olhos atenciosos. 
A respiração e a "não" fala.
Observando meus traços 
Minha boca. 

domingo, 12 de abril de 2020

Flume

Me rendo ao fluxo do rio,
quem sabe assim não chegue
cansada à margem à terra.
A corrente sanguínea se misturando
as águas, numa constância singular.
Avisto de longe umas ramas de folhas.
Então toco-as com a paciência de
quem quer chegar perto, ou fugir.
Deito no braço do rio.
Só sobreviver a um redemoinho
não basta pra saber falar de redemoinhos.
E também não sei o que há de bastar.
Será fé?
Abro espaço entre as pernas
Conforto minhas mãos e minha cabeça.
Sozinha em fim. Camuflada. Inerte.
Silêncio pra ouvir o balançar do rio
Longo demais; engolindo a própria lama
Agora não há chão.
É tudo correnteza.
É tudo questão de saber boiar.




Por fim

Tateio o imprevisível amor
A lonjura do pensamento escorrendo
pela minha fronte feito corte na fonte.
A doçura e acidez resvalando pela parede. 

Ao amor que guardo
Uma semente amarela num pedaço de algodão
Aguar e permanecer contente
Sem a espera, sem vontade materna 
Caso viva, e não tenha fruto, que sirva
De sombra para quem anda cansada.

A perplexidade imatura do amor 
Vinho seco é como espinho 
Desce macio e cortante
Quando percebes já não amarga mais.
Prefiro a candura de quem corre sem 
destino, deixando um rastro cheio e 
Espesso. Por que tens pressa? 





sábado, 11 de abril de 2020

Ontem era noite e tarde


-Estamos nos debatendo 
sobre essa larga rotina atemporal.
Com palavras que pesam mais 
que uma tonelada... 

-Será mesmo que é pra ser assim? 

-Parece que há um vulcão adormecido 
dentro da gente ameaçando explodir.

1/4

Estão passando os dias como alimento comido.
As papilas gustativas estão acostumadas com 
o mesmo sabor. 
As manhãs me parecem seguras. 
O primeiro canto do pássaro. 
Desde 3h o galo canta. 
Fico imaginando como dorme 
um pintinho...

Amedrontada, a noite me absorve.
Nem o sono, nenhum sonho se justifica agora. 
A casa tem um cheiro misturado de lembrança 
e perfume barato; já não os aguento mais! 
Estou engolindo o pranto e soltando vaias ao tempo. 

Passo a mão pelo corpo e só sinto vestígios de saudade.
A busca é inútil, porque noite passada fiquei confusa e 
sequer consegui suportar o peso desta casa vazia. 
Saltei na rua. 
Por que é tão difícil olhar no espelho o mesmo reflexo
tantas vezes refletido?

A solidão me atende 
É uma ligação breve e sombria...
O tempo, este fresco, só ri. 
 

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...