terça-feira, 27 de setembro de 2022

Saber de si

Abro meu coração como a terra.
Faço questão de arar o solo.
Chão aberto é chão fértil. 

Mas não me iludo. 
Sei como faço minhas colheitas 
E por elas, venho tratando 
em cultivar desobediência.


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Como respirar debaixo d’água?

Tenho tido excessivos sonhos.
Noites em que permaneço deitada olhando pro teto 
até dormir. E numa súbita tomada de consciência, 
acordo sem ter muita razão. 

Há uns dias venho nutrindo o sonho da liberdade,
Há uns dias sinto que estou em um cativeiro. 

A esperança aguçada e o corpo arredio, marcam
contrapontos de fuga no caminho que floresce, ainda
que a sensação do deserto, das sombras que me perseguem e o conforto 
dos abraços, sejam suficientes: 

Eu permaneço em fuga! 

A água que estimula meu movimento.
Quando submergida ouço meu coração. 
Gosto de senti-lo deslocando do peito e é 
quando respiro em fim, no fim e acredito que 
debaixo das águas seja bonito existir. 

Nos meus pés o próprio chão se faz. 
Então não preciso tocar nenhuma superfície. 
Sou segura de mim e isso me basta.

Respirar debaixo d’água é sobre tudo mergulhar  
em si. Emergir de tal ponto até abraçar o corpo: 
Cabeça entre as pernas e mãos entrelaçadas nos joelhos
É possível respirar no oceano!

De
Den 
Dent
Dentr
Dentro 

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Abrir os olhos para não morrer no sonho

O sonho é um trânsito de ideias inconsciente do cotidiano ou é um alerta as camadas de fragilidade, ou ainda: uma maneira de esconder-se nas nuances que o vórtice de algo que pode gerar?

Acredito nas três possibilidades e até nas outras que podem haver. 

Se deparar com uma situação onírica com recortes das atividades reais, as vezes é um baque. 

Quando a simulação recriada durante o sono traz questões para se refletir, sinto a necessidade de parar e observar, sem julgar. 

É óbvio que não se pode juntar os cacos de algo quebrado e nem por este dizer que a inteireza seja magicamente obtida. 


Não se pode! 


A importância de perceber que dentro do sonho podem conter signos que remetem a uma complexidade maior do que a vivida, também garante que o corpo sinta comunique, distancie ou até mesmo co-crie o sonho.

 

O perigo está em não conseguir romper com a ideia que se formou para que o sonho tenha vindo com uma mensagem tão forte. 

Uma série de ações ou pensamentos podem ter sido o condutor deste momento, que por algumas vezes, traz para o sensível uma estranheza. 


Quebras podem acontecer, assim como as vastas tentativas de conciliar realidade x onírico de forma a não comprometer os vínculos. 


Meus medos não me definem, meus traumas e angústias não são o combustível de dor ou ferida. Ser reativa é legítimo, estar em estado de alerta para alem do centralismo das relações.


Questionar sempre, não se fazer detentora de verdade alguma. 

Respirar no novo e não colocar sob o julgo do passado os próximos passos. 

Compreender e ser aberta ao que realmente pode ser bom e se de repente tudo desmoronar, pensar estratégias agora pra ter onde cair sem machucar tanto. 

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...