segunda-feira, 21 de março de 2016

Vale um olho na mão, do que um coração




Topada no meio, dor...
perdi a inspiração
se foi no escarro
pelo ralo
caiu no chão, se espedaçou?


Agora desfaço
pisco o olho
o olho cai
sorriu com dentes pêndulos
por um guindaste
numa construção sem fim...


Um rio que desaba em algum lugar
E circula o sangue até coalhar
Destrincha-se o ultimo pedaço do corpo com facas afiadas e velozes

Na avenida o coração é lançado e alça vôo
Pra nunca mais pousar............................... 

Euss

Percorre o corpo

Movimentos retilíneos

Devagar

Respiração rarefeito e

Aquela vontade de cagar!

São fragmentos espalhados

Pedaços de ninguém

Um vaso rachado e flores, e chão

É cheiro doce, vazio e morre.

A friagem que vem me diz que

está, que eu não sou e pelo o que

parece, tá pra desabar e cair, no

mais profundo dos seres, no lago

cheio de serpentes e dentes pra se roer.

O corpo já não é mais

Couro que dá prazer

Sustenta o céu estrelado

um coro de almas nuas

de peitos cobertos e vulva

a aparecer.

Essa não sou mais eu

Nem mesmo reconheço o

meu retrato de dias atrás

Ela me disse uma vez que

tudo passaria como dia...

E passou...


Essa sou eu

Recriei a mim

Deusa.

Aqui imensos mares

para submergir gente.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Penumbra

Do meu telhado caem os retalhos que vento traz la das bandas da praia. Joga sobre chão os restos, a solidão. Dois corpos, um apenas, nu, de todas as noites caladas se abrem as bocas... 

É um sopro de vida a raiar o dia. Outra vez, mais uma, dessa carne que a terra come e que parece insípida de Amor. Oh, se agora eu pudesse deixar por uns segundos de pensar na morte da bezerra, na fome, na sede dos que vivem na rua com o sol de tostar o quengo, nas tardes sujas de cu fedido.

Ah, se na noite que logo virá eu conseguisse penetrar a barreira da tua castidade imposta e te pôr pra dançar comigo sem riscos de errar o passo e errantes fomos e não mais somos quem dança. A gente corre e pula os muros do sentir, vamos pra longe e não tardamos a voltar, e se voltarmos... Que seja logo! Porque não vale chorar e ficar feliz sem o teu olho, e o meu...




Amó-ti


Bicho amor
Come vivo
Cospe inteiro
Pela metade
Morto vivo
Caga o ser
No ser
Nascendo pura merda

(Desenvolvendo calos
Sendo Fridas
Ganhando a vida
Na esquina mal iluminada.
Quem vem de ônibus ver, pensa e passa:
-Há um bar inteiro a sua
espera.
E carros)

Caros corações conduzidos
Pela leve esperança.
Humanitário, Diríamos esse amor?!
Vou buscar minha fulô
Nas entranhas desse bicho.

Porque tal amor é esquisito, precipício de se matar.
Enforca mar,
dar rasteira vasta de sorriso, djabeisso?!
Será possível...

(Voltei
Respirei
E o amor
Ficou!)

Está pra avuar feito borboleta em flor.

O que fazer?

    Numa manha atordoada ela dar sinal de vida. Sobe no ônibus e não havia comido nada,
a não ser de ontem a comida requentada. Tomara água apenas cedinho, talvez para não
morrer de barriga vazia... Mas não tardou a jogar tudo de ontem e hoje no chão, um jato de vomito
que a deixou desorientada. Cambaleava e levantava-se para descer na próxima parada sem rumo.
Descera por traz, sem pagar passagem!

-Eu enojei, engoli seu vomito e ela talvez morrerá, disfigurada, negra, encachaçada pra conter a fome.

    Há mais dinheiro pra uma dose de sofrer naquele corpo pouco e cheio de veias a parecer?
Sem que ao menos alguém passe e lhe ofereça um sorriso sem graça, a desgraçada mulher que foge todos os dias do amanhecer e anoitece nas ruas, na chuva, no ônibus, na minha e na tua desconfiança.

-Minha cabeça roda e explode nas minhas mãos... Eu não faço nada...

Escroto Amor

Que se jogou sob os trilhos de proposito, se estabacou!

Morreu o Amor? Não, está intoxicado em alguma esquina,
bêbado, chapado, em chamas o Amor.

E ainda o chamam de benzinho, esse vil e consumidor dos ossos,
pélvis e mente. O Amor comedor de corações  dança pra seduzir,
joga os cabelos ao vento, faz cara de safadeza, penetra com
os olhos e o Amor explode.

Dentro de nós causa sintomas de doente, aí tal hora fica bom,
saudável como uma criança malina que só brincar e rir. Corre,
corre, corre o Amor...
É aguerrido, enfrenta os mares mais perigosos, as quituras
de corar o coro. Eita Amor abestado
-tu te acaba, peste!

Me atravessou



















O oceano com suas águas salgadas e acidas,
viciou-me a carne. Contudo alegrou o meu sertão,
floresceu meus pequenos cactos, amaciou meus espinhos.

Um mar que corre dos seus dedos molhados
me fazem crer nalgum tempo em que foste
tu a deusa rainha das águas em que me banho
sem medo de afogamento.

Estava na beirada d'água quando suas ondas me
puxaram e me jogaram sem pudor aqui, nesse vilarejo
ribeiro onde dançam os velhos e jovens cultuam a tua imagem.

A beleza do teu colo sustenta a minha suposição, se ei de
morrer um dia que seja pelas tuas mãos lubricas o ressurgir da
mansão dos mortos!

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...