segunda-feira, 25 de junho de 2018

Segunda-feira

O tempo morre jovem
na esquina do beco
voltando pra casa
se depara com a morte
que segue seu passo

Quando o rio seca e a
noite chega, o medo
desconserta o aparo da
sorte

É triste sentir o vazio
preencher o estomago

É triste sonha e voltar
a realidade.

Ontem e hoje sempre se
acabando como a fogueira,
sobrando as cinzas que o vento
leva pra algum lugar

Ninguém pensa em morrer
embora traga essa marca desde
nascença. Ninguém quer olhar
pra trás e ver um corpo caído.
Ninguém quer abrir os olhos
depois da queda triunfal do ego.
Ninguém suporta a perda.

Ninguém nunca se prepara!

domingo, 17 de junho de 2018

Ô fastio

Durante aquele passado em que
o presente estava, hoje falamos
do futuro de boca pra fora.

Quem éramos nós antes da noite?
Se nos amamos feito duas esfomeadas,
por que não nos engolimos?
Por acaso nossa fome fora saciada?

Não compreendo o fim
se ainda há onde recomeçar,
por que acabamos tão engasgadas?


Étimos

Embebedar
a noite que nos pare
conforme somos a
vulnerabilidade do osso:
um bebê

Transamos
contente ao descontente
instante de não ser
aquilo que fomos
durante a noite

Juntamos
os montes as terras
e o fim
nos chamou de
tempo




Tênue é a lágrima

E vai ficando esquecida a gota contra gota que até a pouco escorria.
Chega lenta e logo finda a gota madura que cai. Juro que não lembro
do momento em que a machuquei sob os pés descalços
-ela me feriu como agulhas no útero materno.

Um coágulo engoliu a minha boca, a vermelha boca em que o beijo
não dura, transformando aflição em palavras que o sentido não pendura.
Na capa da noite seguro e na parede do meu quarto cuspo o velho ranço
de tudo.

Não se acostume em ter, não se acostume! Fujo como gato, como diabo;
não sou companhia para desfrutar, sou correnteza que desce e árvore
-não se acostume subir.

Aprenda a não me ter, para amanhã acordar do sonho.

Lacrimejar me ei de ser

Não quero que a tenha ou fixe sobre a pedra uma delas
já tantas vezes derramada.

cubra seus olhos que contra o vento, trazem
a dor desnuda, primogênita do amor. Firme sua
mão no tempo e deixe o lamento para depois
da janta.

Trague um pouco mais de veneno e misture com
os insetos comedores de língua, então sinta-o descer
pela garganta, mas não sinta seu sabor: o doce sabor
do amor.

Me traga um cacho de nuvem para nosso próximo encontro
que te ensino a chover, porque meu bem, é tudo que mais sei
fazer nesses dias que antecedem minha tristeza.

Embora, muito distinta, nossa calma prevalecerá!
E mesmo que haja fogo entre nós, algo fala sobre paz, e ando
querendo beber álcool para embriagar minhas vontades
intermináveis do teu seio, só ele -o álcool - consolaria o meu
ego: hoje não tem beijo de boa noite, nem sossego.

Gostaria de escrever com teor poético, aqueles com teimosia
bem chorosa; das incompletudes; do universo aleio a este sofrer;
das marés assustadoramente viciadas em quebrar.

É absurdo esse momento que não se cala nem se prende no coração.
uma mente que pensa é um furacão em constante erupção e orgasmos.

Sinto dores horrorosas...

Não consigo terminar esse verso agora. Talvez ano que vem...

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Ao veneno

Busco ao encostar na parede, suporta-la
e como se não bastasse cair, me viro num
instante para deitar pois não aguento tanto peso nos braços.

A cabeça é mais resistente quando tem alguém
que não deseja lamentar com obscuridade 
as inseguranças severas delinquentes e terna.

Rosto estático com oscilações oblíquas dos olhos e sobrancelhas, 
desde então noto o quão suave é rosto em movimento 
contrário das maçãs que repulsão a cada nova esperança

oh, quão cruel é tempo e seu tombo permanente em seio
farto e consciência desafetuosa ao passado próximo a mim 
em loop pontual de determinada lembrança.

Meus olhos desaprenderam a chorar!
Trago nas minhas mãos o resto de mim que sempre sobra
e deixo despencar no próximo abismo que cavei com meus
pés cansados de caminhar, calejados das inúmeras topadas

Embora minha esperança se torne crescente, meu rosto
envelhece, minha boca não saliva pela doçura do amor
e cada trago que a vida me oferece, eu torço... Pra nunca mais
voltar. 

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...