Este tempo frio me comove
quero sentir o calor
mas quando ele vem, traz o
medo junto
Acabo por sentir solidão
e contudo é o que falo
quando me falta terra no
caminho e quando as águas
me inundam
Trago para perto um pouco
de sal...
Escorre pelo corpo a lágrima mais uma vez,
eu sei que tudo vai passar
intacta ferida, não machucará
é balsamo que lava e deixa transmutar a dor
ficar calada é um horror
mas o silêncio cura mais que a guerra dos
olhares tortos pela rua enquanto a madrugada
chega, curta sou
e não fujo.
Aguento o tormento sem congestionar
o pensamento. Surda sou, ao argumento
que mente, disfarçado de contente ao me ver
passar.
Tento retirar as pedras para que minha
memória possa durar o tempo que rasga
a história que não contava quem eu sou
Agora eu sei
Graças quem? Não vos dou!
Porque os teus santos dispensaram
os meus: bantos, cantos que vieram
antes de deus.
trago para perto um pouco de sal...
Para lavar os caminhos
e como esquecer a dor?
e como sentir rancor?
Faço um café!
Janeiro de dois mil e dezenove
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
O despencar do céu
A tarde era quente como uma panela de pressão que explodia e resvalava cheiro e textura aos corpos transeuntes. O sol é um ingrediente salgado e oleoso que faz escorrer através dos póros a latência do existir.
Dentro dos costumes diários: o desfastio. A vontade era desbravadora diante as ruas que cortavam-se e um novo caminho se via de longe, quando descia no horizonte aquele imenso raio.
De noitinha já.
O nosso parto aconteceu na chuva
Sem menções religiosas ou luvas
Meu coração unia-se as tuas curvas
Nas encruzilhadas, lumbras
Toda rua era turva
Minha língua; tua vulva
Você me olhava; eu trovejava
Descia lúcida na avenida curta
Sobre nós as gotas mútuas
De um dilúvio inesperado
Um carinho abandonado
e tuas mãos no pescoço
Era um alvoroço dentro de mim
Que eu quase morro
Quase morri
Quase fiquei rouca
Por instantes pensei que estava louca
Mas não, era só o regozijar do trovão
As minhas pernas bambas de te levar
Ou era tu a me guiar pelo labirinto do centro da cidade?
Eu não sei!
Dentro dos costumes diários: o desfastio. A vontade era desbravadora diante as ruas que cortavam-se e um novo caminho se via de longe, quando descia no horizonte aquele imenso raio.
De noitinha já.
O nosso parto aconteceu na chuva
Sem menções religiosas ou luvas
Meu coração unia-se as tuas curvas
Nas encruzilhadas, lumbras
Toda rua era turva
Minha língua; tua vulva
Você me olhava; eu trovejava
Descia lúcida na avenida curta
Sobre nós as gotas mútuas
De um dilúvio inesperado
Um carinho abandonado
e tuas mãos no pescoço
Era um alvoroço dentro de mim
Que eu quase morro
Quase morri
Quase fiquei rouca
Por instantes pensei que estava louca
Mas não, era só o regozijar do trovão
As minhas pernas bambas de te levar
Ou era tu a me guiar pelo labirinto do centro da cidade?
Eu não sei!
domingo, 3 de fevereiro de 2019
Narrativas de guela a baixo
-É um tanto cruel não é mesmo?
(Ela falava com estima)
-Ora, você que compreende os astros,
Agora me vem com tantos... tantas
-O quê?
-Talvez esse diálogo não nos leve a
lugar algum da existência que somos. Um ovo.
O silêncio veio e como sempre cortante.
-Quer me beijar pra ver se acontece aquilo?
-Aquilo o quê?
-Não sente o arrepio subir a espinha, como um
Desmontar descomunal, tal a mandíbula da serpente?
-Sinto! Não haveria de sentir isso num beijo só...
-Mas eu também beijaria, logo não seria um beijo só.
Já passaram longos minutos...
-Realmente é bem complicado seguir...
-Posso acompanhar-te um pouco
-Os caminhos são diferentes, não compreende?
-E o que isso tem haver?
-Tudo!
-E por acaso esse tudo pode ser um instante comigo?
-Olha, vai chover. Acho melhor você ir embora.
-Verdade.
-Então você vai?
(Ela falava com estima)
-Ora, você que compreende os astros,
Agora me vem com tantos... tantas
-O quê?
-Talvez esse diálogo não nos leve a
lugar algum da existência que somos. Um ovo.
O silêncio veio e como sempre cortante.
-Quer me beijar pra ver se acontece aquilo?
-Aquilo o quê?
-Não sente o arrepio subir a espinha, como um
Desmontar descomunal, tal a mandíbula da serpente?
-Sinto! Não haveria de sentir isso num beijo só...
-Mas eu também beijaria, logo não seria um beijo só.
Já passaram longos minutos...
-Realmente é bem complicado seguir...
-Posso acompanhar-te um pouco
-Os caminhos são diferentes, não compreende?
-E o que isso tem haver?
-Tudo!
-E por acaso esse tudo pode ser um instante comigo?
-Olha, vai chover. Acho melhor você ir embora.
-Verdade.
-Então você vai?
Concordei e(m) não menti
Não dormi quase nada.
Penso e é tenso o pensar.
Intenso, imenso, quão mensurável...
O pensamento cheio de confusão e
reluzente aflição, tomando meu fôlego.
Levanto! Tomo água e um pouco de ar.
As manhãs para mim são tão doces e
macias que sinto por vezes, come-las
devagar; devorando cada pedaço do
tempo que se esgota sem me perguntar
Nada.
Ontem compreendi algumas questões
do prazer e do desejo. Mas o amor me tomou
pelo braço e me levou para perto do mar.
Sim, a terra, a areia da praia deslizando nos
pés, o cheio da brisa; as nuvem que passavam.
Sim, o tato sutil, a voz delicada, a boca suave;
Sim, tamanho era o meu coração enorme
parecia caber tudo; não cabia a mim.
O mar era distante apesar de perto
Senti os beijos e isso me apetece a morte
Cometi alguns vacilos com a minha mão
arredia... Tardei o cuidado e me veio o peso.
E o mar me engolia a cada sentir.
Por momentos, me surgiu lá do fundo o
Sabor de uma lágrima, substimei e a saboreei,
não deixei que saísse.
(Eu sei conduzir minhas mãos nas cinturas)
Sou bastante segura para não cair. Estivesse bêbada
Cheia de egos; fui cega alguma parte da noite.
Mas...
Penso e é tenso o pensar.
Intenso, imenso, quão mensurável...
O pensamento cheio de confusão e
reluzente aflição, tomando meu fôlego.
Levanto! Tomo água e um pouco de ar.
As manhãs para mim são tão doces e
macias que sinto por vezes, come-las
devagar; devorando cada pedaço do
tempo que se esgota sem me perguntar
Nada.
Ontem compreendi algumas questões
do prazer e do desejo. Mas o amor me tomou
pelo braço e me levou para perto do mar.
Sim, a terra, a areia da praia deslizando nos
pés, o cheio da brisa; as nuvem que passavam.
Sim, o tato sutil, a voz delicada, a boca suave;
Sim, tamanho era o meu coração enorme
parecia caber tudo; não cabia a mim.
O mar era distante apesar de perto
Senti os beijos e isso me apetece a morte
Cometi alguns vacilos com a minha mão
arredia... Tardei o cuidado e me veio o peso.
E o mar me engolia a cada sentir.
Por momentos, me surgiu lá do fundo o
Sabor de uma lágrima, substimei e a saboreei,
não deixei que saísse.
(Eu sei conduzir minhas mãos nas cinturas)
Sou bastante segura para não cair. Estivesse bêbada
Cheia de egos; fui cega alguma parte da noite.
Mas...
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