Nada de colete à prova de balas.
Apenas uma topada qualquer pode ser fatal.
E mesmo com tudo isso, gostaria de quedar
minha cabeça em uma pedra e quem sabe
descansar justamente como os defuntos
sossegados em suas covas razoáveis em
um cemitério longe de casa.
Por que a triste me come os olhos?
Trabalho tanto que meus braços pequenos
não sustentam mais o peso das minhas mãos
e minhas unhas.
Afirmo que a tranquilidade não chega sob os
meus ombros e por vezes sinto que canto para
os mortos, dançando Butoh.
Vou delirando
sobre os crânios sem massa cefálica ou sequer
sinal de eletricidade, sem pós guerra, porque agora
nesse tempo, tudo é guerra.
Não quero conversar sobre isso com minha mãe,
mas ela é a única que me ouve sem dizer que a culpa
é minha…
Em suas tarefas domésticas, o contato com
os animais e com as plantas, aparenta um não sofrimento…
Mas é tudo mentira, porque ninguém está isente de mergulhar em uma profundeza tão cruel.