quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Fruta de cor amarela

Semi-aberto olhos...
Vou contar como cresce o maracujá

Primeiro o pé pequeno
Ramo por ramo, terra.
Folha, perna, mão e galhos.
Rasgo firme, plantado...

Pergunto ao maracujá qual seu desejo.

Bem, as plantas frutíferas ainda não aprenderam a falar, como os bichos.
Mas ao responder, pareceu assustado.
Moveu-se de lado conforme batia o vento
Ficou esquivando e oscilando.

A ventania de agosto e setembro certamente nos movimenta para algum lugar e também por este motivo, sentir-se adventício não significa permanecer... Variações são necessárias, assim como adulbo.

Quem o diga
Maracujá
Nasceu e trepando pela parede, segurando com braços fortes ao que lhe dar segurança para crescer e florescer.

Tem vento que balança o pé e brevemente cessa. A raiz desejou com tanto afinco e confiou nas mãos de quem plantou.
O maracujá colhido maduro e azedume, dar cor, cheiro e vida ao jardim.




quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Batendo

No silêncio que o corpo desentende
Vazia ruas e avenidas, becos.
Histórias contadas
Vozes ecoando
Um foco.

Calar!

O sentido, centímetros do peito.
Ar que passa perto do ouvido
Quando os olhos atentam, avistam
Vislumbram e caem.

Quero afundar a nau que me conduzia
para superfície sem sequer me saber
E o caminho que estava feito, tornou-se
Pássaro vivo.

Sinto profundas tristezas ligeiras
querendo passagem
Fazendo sala aonde chego.

Oh.




sábado, 10 de agosto de 2019

Eu e eu me contando

-Não, não quero ser quem vai a porta e bate
Nem quem liga durante a madrugada só pra
Dizer alguma coisa breve, isso é inútil.

-Ok. Ninguém é obrigada a sujeitar-se como tal,
apenas reveja questões viáveis ao menos, porque
Achar algo "inutíl" nesse contexto, é uma grosseria.
Concorda?

-Escrevendo meus júbilos e furos
de uma juventude tão inoportuna...
Minhas certezas são como pontes
em que pulo e de uma por uma vão
sendo construídas através do alicerce
torpe da dubiez.

-Você a cada dia que passa parece planejar
coisas com uma perspectiva mais desejável do
que parece... Uma pessoa que se coloca numa posição
quase fetal pra falar sobre subjetividade criativa do ócio.
Chega ser lamentável, ver?

-Sim, nem me venha julgar
que isso não é possível,
afinal quem sabe realmente
o que quer até querer de verdade?

-iiih... Bom, até porque né... Esse querer que falas,
soa como vaidade; um bem almejado... Continuo sem
compreender para onde está indo esse diálogo. Quer por
gentileza me ser mais...

-Me auto consolo porque já tentei de tudo.
Ninguém me apetece o sentir mais forte e
profundo agora, então chega a ser
mais cômodo igualar-se nesse parâmetro
que estabeleci ser meu.
Portanto, quero deitar sobre o chão que
planeio com tanta destreza.

-Me interrompeste outra vez para falar sobre esse coração
Imaturo e fértil. Bem, você precisa apenas descansar essa
falta de coragem, esse ar de saber de si, mas não saber direito;
Essa vontade de abraçar o mundo com as pernas e parar de acreditar
no abraço do mundo.. Isso é uma lorota que nos contam ao
nascermos e temos que sustentar até... Cansar! Embora eu conheça
bem seus argumentos para não querer "a minha voz da razão", acho linda
sua maneira de expressar-se com leveza e fúria.
Escondo-me na sombra de uma árvore
posso me tornar a árvore?


O não dito

E se ligar dizer que é cedo?
e se os olhos desaguarem mar?
Se há razão para os meus medos...
Eu procuro dispersar

Nada vale saber de amanhã
o sol virá de qualquer jeito, mas
eu não consigo esperar...
Esse desassossego passar

Aperrear-se não adianta mais
tudo bem, as coisas foram
feitas para acabar...
                             
Assim como essa canção
do coração pra dor não durar                                           

O dia vai reinar a gente levantar
e se jogar na dança

Chega
Logo
Chega
Logo
Vem
Eu tenho pressa

O meu amor é... como rio
O meu amor é... correnteza
O meu amor é... como rio

Para nunca mais parar!



Um dia azul

Calma,
a rapidez cotidiana
acaba
acaba

chega e se depara com a
tristeza que não se cala
grita
gritar

as vezes aliviar...

No externar das veias, pulsar!
a vida é curta pra reclamar

Se deitar numa rede e só
sonhar
sonhar.



Descendo a serra

-Mastigo o silêncio, o que é faltar?

Concordo com meus pés
Eles sabem mais do que eu.
Desfaço a forma da dor
Ainda que por ela exista apego.

-O desfrute do frio nesses dias andando só,
É como dizem por aí, judiação?

Não, meus pés no costume da rotina,
Transforma o chão de terra batida pouca,
Do asfalto escurecido e pequeno, estreito
Onde é difícil manter a deformidade que
Atinge, bemolizando a velocidade do tempo
acentuando as curvas, como quem quer ir
Devagar beijar a mulher amada.

Os insetos devem adorar meus pés, e também sentir medo.
-Pássaro que canta de noite?

Meu coração noturno demais parece recriar a córnea.
Queria adormecer olhando pra uma estrela,
aquela brilhante e morna talvez.

Quando durmo

Aprendendo a gostar do efêmero  tanto quanto não me saciar no tempo  das coisas findas rapidamente.  E então me deparo, as vezes tarde demai...